Domingo, 16 de Setembro de 2007

Uma Noite de... Pão!

Olá! Hoje vou-vos contar a experiência que tive na passada madrugada com o meu namorado.

Ontem, a caminho de Viana, enquanto ía no comboio a teclar no MSN com alguns amigos meus, recebo o telefonema do MA, que no meio da nossa conversa, pede-me que vá com ele fazer a distribuição do pão, às 3h da matina. Eu fiquei um pouco apreensivo, mas como gosto de desafios, aceitei.

E assim foi: às 3h, veio-me buscar a casa numa "carripana" da padaria, para a qual entrei a custo, pois a parte da frente estava cheia de sacas de pão, para ser mais rápida a entrega, ou seja, tive que levar o pão no meu colo e dando-lhe uma saca de cada vez que ele parava à porta do cliente:

"- Dá-me uma saca de 6." - e procurava uma saca de 6 pães e dava-lhe. E por aí fora.

O que mais me impressionou, foi o sitio onde ficava a casa dos clientes, pois ficava no meio de montes, em que os caminhos são de terra batida, sem luz e em que ainda por cima o MA acelarava naquela "carripana" velha, porque o pão tem de ser entregue a horas. Ele parava, colocava o pão em cima do muro e vinha embora e assim sucessivamente. Em alguns casos, havia pessoas que embrulhavam o dinheiro muito bem embrulhado e colocavam debaixo de uma pedra em cima do muro para fazer o pagamento diário ou semanal. Houve até uma senhora que estava a pé às 04:30 só para pagar o pão... Na maioria destas casas não havia luz pois a EDP não tinha chegado áquela zona. Fiquei impressionado com tamanha situação.

Pior que isto tudo, era a "carripana" não ter rádio para ouvir música e lá tive eu de colocar a última geração a funcionar para não dar em doido, ou seja, peguei no meu telemóvel que tem rádio incorporado e pus-me a ouvir música, que é daquelas coisas sem as quais não consigo viver, pois a música faz parte da minha vida.

Já tinha amanhecido, quando o MA acabou de "fazer a volta" e veio-me trazer a casa, pois ainda foi trabalhar para a padaria até às 13h. Mas antes disto, passamos por um campo de milho e apanhamos algumas maçarocas para mim, que adoro torrar e colocar manteiga...Huuuummm, que bom!

Uma das situações mais caricatas desta experiência, foi quando o MA foi a casa de uma cliente que é invisual e perguntou-lhe à idosa senhora se não ía às "Feiras Novas" em Ponte de Lima (festas da cidade), ao que ela respondeu o seguinte:

"- E que vou eu lá fazer?"

"- Vai lá ver aquilo!" - responde o MA, apercebendo-se de seguida daquilo que tinha dito, visto a senhora ser invisual.

Eu estava na "carripana" a ouvir e ri-me que nem um perdido ao ver que o MA tinha ficado mais vermelho que um tomate com tamanha situação.

Com isto tudo, cada vez mais dou valor ao meu namorado pois a sua vida não é fácil, sendo ele e todos os que trabalham na área da panificação, mal recompensados pela árdua tarefa que elaboram.

E, com isto, estou a aprender a viver de perto um pouco mais da dura realidade da vida que ainda se mantém em algumas zonas de Portugal, fora das principais grandes cidades.


publicado por luaramigo Luar_Amigo às 04:05
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